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Mostrando postagens de agosto, 2016

A Chamada

Eram nove horas da manhã quando o telefone de Alice tocou pela primeira vez naquela quinta-feira. Ela estava na cozinha lavando a louça e saiu correndo pra atender, mas não deu tempo. Olhando o histórico de chamadas, viu que era Letícia, sua namorada. Tentou retornar... não atendeu. “Estranho”, pensou. Ligou ainda mais duas vezes antes de voltar pra louça na pia. Por precaução, deixou o celular perto. Quinze minutos depois, Letícia liga. - Você me ligou? – ela disse, com voz de sono, do outro lado da linha - Sim, você ligou primeiro. O que foi? - Eu tava dormindo, não liguei pra você. Acordei agora... - Ué... Quem ta aí com você? - Ninguém, amor, eu to sozinha em casa. - Certeza, Lets? Alguém pode ter me ligado do seu celular! - Meu celular tem senha, você sabe... - Que estranho... Hum... Vai ter aula hoje? - Não, hoje o professor liberou a gente. E você? - Eu tenho, mas... Acho que vou faltar! Vai ficar sozinha até que horas? - Hoje o dia inteiro, meu irmão só volta a noit

A Doença

Lúcia já estava naquele hospital havia dezoito meses, incapaz de levantar-se da cama sem cair no chão. Dr. Marcelo, responsável pelo caso dela, há muito havia perdido a motivação para tentar descobrir o que tinha acontecido a ela. Que espécie de transtorno a teria atingido? Ela já não tinha mais músculos, estava pálida e magra, embora comesse o triplo de uma pessoa normal. Era um mistério para a medicina. Os repórteres chegavam aos montes até três meses atrás, quando o caso dela parou de ter atualizações. Todos queriam saber o que poderia ter levado a moça àquele estado. O crime! O choque! Notícia internacional e rumores sobre uma nova droga. Lúcia não podia falar, mas isso não impedia as perguntas dos repórteres. Agora sua boca só se abria pra comer. E como comia! Oito vezes ao dia lhe eram servidos verdadeiros banquetes que ela devorava em poucos minutos. Ainda assim parecia cada vez mais magra. Os olhos castanhos e amendoados, antes brilhantes, pareciam olhar para lugar nenhum a